O "Diferente, Pero no Mucho" conversou essa semana com blogueiros, entre eles, Raphael Tsavkko do blog "The Angry Brazilian" onde são discutidas questões polêmicas dentro de política, religião econômia e sociedade. Bacharel em Relações Internacionais pela PUC-SP e mestrado em Jornalismo pela Cásper Líbero, Raphael também discute questões internacionais. É esquerdista e se diz um amante da cibercultura e da mídia alternativa.
Participou recentemente do Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas onde foram discutidas questões como a censura e criação de uma blogosfera mais unida.
Vitor Moura- Primeiramente, fale um pouco sobre o blog, como surgiu a idéia?Raphael Tsavkko- O Blog do Tsavkko, tem mais de um ano, um ano e três meses mais ou menos, e começou realmente como uma válvula de escape. Eu sempre fui leitor de blogs, mas nunca havia pensado seriamente em ter um. Mas pensava em uma quantidade de assuntos todos os dias e decidi escrever no computador. Não que eu esperasse que alguém fosse ler.
Depois o blog começa a ficar um pouco mais sério, comecei a ver que realmente havia outras pessoas que pensavam como eu. Fui então melhorando a questão do estilo, o texto, a questão de pauta e etc... Acabou se tornando uma coisa, digamos assim, mais profissional.
Então comecei a escrever pro Gogo Voices Online, um projeto coperativo de jornalistas internacionais e há cerca de um mês escreve para um portal da Galisa na Espanha em uma coluna semanal.
Basicamente as coisas vão acontecendo, a gente vê as coisas que acontecem na TV, na mídia, e posta lá, escreve o que está sentindo. É claro que, sendo formado em relações internacionais eu coloco algumas análises internacionais e políticas, tentando trazer um pouco mais de qualidade pro Blog.
VM- Você como mestrado em Jornalismo, leva algo da profissão jornalística pra dentro do Blog, se preocupa com a apuração da informação,busca por fontes ou trata-se mais de um blog de caráter opinativo?
RT- Na verdade comecei a fazer o curso de comunicação também por causa do blog, pra entrar mais na área de jornalismo, a tentar realamente ter uma certa apuração. Algumas matérias até cairam no meu colo, alguns acontecimentos aqui no centro de São Paulo, onde eu moro. Participei de passeatas e manifestações políticas, cheguei até mesmo a apanhar da polícia e a partir disso criei matérias mais jornalísticas. Entrei para o mestrado também para criar um estilo, saber como agir. Fui para o Jornalismo para ter um suporte melhor para o blog.
VM- O que você acha do papel do Blog dentro do Brasil e América Latina?
RT- Posso dizer pouco dos blogs da América Latina, apesar de conhecer alguns blogueiros latino-americanos. Mas aqui no Brasil pelo menos, essa coisa do papel do blog, a formação de opinião, depende do foque com que você analisa. Por exemplo, acredito que grande parte das pessoas que vão em busca de um blog e tem aquele costume diário de ler já foram catequizados, já tem uma opinião formada, já tem um pouco de noção do que estão buscando e do que irão encontrar. Por outro lado, acho que existe um nicho de blogs com um caráter muito mais informativo, não somente de fazer uma análise ou ter uma opinião política específica. Você as vezes lê alguma coisa na grande mídia e vai atrás do blog pra tentar ter uma visão um pouco mais ampla ou então um pouco mais alternativa. Mas acho que os blogs falam pra um público mais especifíco do que realmente tentar formar uma opinião diferente. Existem casos, é fato, em que aquilo que eu escrevo possa pensar um pouco, mas acho que no geral falamos para um público mais catequizado.
VT-Então o Blog pode servir como um meio também de reunir pessoas que tenham um tipo de pensamento parecido, que não se encontram em outro tipo de mídia?
RT- Exato. Por exemplo, haveria uma diferença entre a blogosfera que chamamos de progressista. Vimos em um encontro que falamos a um público mais determinado, pouco influenciamos naquela blogosfera geral, por assim dizer. Agora temos também o Gogo Voices Online, que é um blog com um caráter mais jornalístico, não só político mas também de questões por trás. Acredito que esse influência um pouco mais. Já traz questões como a censura no mundo inteiro , há uma política mais ampla, então eu acredito que esse possa fazer um efeito mais de criar opinião mesmo, levar a uma opinião pública diferente do que a blogosfera nacional que já está um pouco mais consolidada em opiniões já pré-existentes.
VM- Como é a questão da censura sobre os blogs? Existe algum tipo de controle do que vai ao ar?
RT- Bem, legislação hoje pra censurar os blogs não existe especificamente. O que eu vejo são tentativas de grupos ou de indivíduos de se apropriar da legislação que existe, e que não é muita coisa, para tentar censurar. Nós tivemos um movimento muito bom, o "Mega Não", contra o "AI-5 Digital", projeto do Senador Azeredo. Lutamos bastante para que não esse ano todo para barrar as tentativas que o Senado e a Câmara Federal estavam tentando para controlar os blogs, para realmente censurar. Mas hoje não existe nenhuma legislação específica, o que tem são interpretações e a ultilização de alguns aspectos da lei para tentar atacar os blogs. Temos conseguido barrar isso até hoje.
VM- Você pode nos contar um pouco mais sobre o que foi o encontro dos blogueiros progressistas?
RT- Foi uma reunião de coisa de 32o a 330 blogueiros aqui em São Paulo na semana passada. É um projeto antigo, de muitas pessoas da blogosfera e foi levado adiante pelo pessoal do Rio Mundo, blog do Azina, o Paulo Henrique Amorin e etc. Tinha a idéia de tentar reunir esse blogueiros que são de esquerda, que tem uma luta contra a censura, que tem uma posição política mais clara à esquerda, ainda que não exclusivamente, acabaram até mesmo aparecendo pessoas de direita, sem nenhum problema. A questã era ter realmente um posicionamento crítico em relação à mídia, em relação a aquilo que é colocado. Reunimo-nos para tentar criar diretrizes mais unificadas, tentar trocar acessos, lutar por um plano nacional de banda larga, lutar contra a censura. Basicamente um grupo de blogueiros que tem o costume de conversar entre si, ou ler os blogs um do outro para criar uma política mais unificada de ação conjunta. Queremos criar realmente uma blogosfera, uma idéia unificada daquilo que nós somos.
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