A ausência de canais latinos não é novidade para os telespectadores da televisão por assinatura. Com excessão da Oi TV que tem em sua grade o canal da Televisa (TLN), os demais serviços de televisão por assinatura não tem interesse em acrescentar produções latinas. Também não há espaço para tais canais na televisão aberta devido temor das grandes redes e problemas relativos ao idioma.
O diretor da tv universitária da UFRGS, Paulo Cabral, assim como a professora Maria Cristina Gobbi - vice-coordenadora e Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e em Televisão Digital da UNESP - cederam entrevista para o Diferente Pero no Mucho e falaram sobre canais latinos e como o meio deveria optar pela internet.
Paulo Cabral - "A televisão por assinatura tem uma caractéristica bem própria dela que é o acesso mediante o pagamento de um canal. Então, há uma legislação específica, tem toda uma regulamentação que legaliza a distribuição desse matéria nas emissoras do país. A internet, por exemplo, possibilita que você tenha acesso mais democratizado a informação, enquanto a televisão por assinatura é um produto um tanto elitista. A distribuição da informação também está focada na questão da fonte. A gente vê nos principais meios de comunicação um atrelamento a agência de notícias tradicionais, enquanto existem agências alternativas. A internet faz com que você possa buscar essas fontes de informação. Um exemplo é o Islã, a Al Jaazira veicula as informações transmitidas pela Al Qaeda para todo o mundo e com acesso pela internet."
Maria Cristina Gobbi - "A gente pode dizer que a quantidade que dispomos não é suficiente, não priorizam as temáticas latino-americanas. Esse conhecimento é antigo, mas existem várias ações que pretendem impulsionar essa integração. A rede de comunicação interativa denominada TAL (Television América Latina) integra diversos canais latinos e tenta mudar essa visão que temos de comunicação restrita."
Como esse tipo de canal poderia servir de interação entre a América Latina e o Brasil?
Paulo Cabral - "A televisão por assinatura não seria o fórum especifico para esse tipo de interatividade. A internet seria uma boa alternativa. A dificuldade fica na disponibilização desse tipo de programa que vem de outros países. Já temos dificuldade em veicular os nossos produtos, os produtos das comunidades, nas universidades, na mídia aberta. A questão é a falta de espaço dentro dos canais para colocar na grade a programação de outros países."
Maria Cristina Gobbi - "O fato do Brasil se sentir a parte da América Latina é uma coisa interessante. Tem várias ações não só das Ciências Humanas - das redes de comunicação, da TV Cultura - a nossa produção brasileira é muito rica e reconhecida nos países da América Latina, da Europa, da Ásia. O problema do Brasil é que nós ainda sofremos com a "alta estima" e não nos reconhecemos nossa produção em comunicação. Acho que também precisamos tomar conhecimento de que fazemos parte dessa região que é a América Latina."
Existe falta de interesse do público em interagir com a programação latina?
Paulo Cabral - "Eu acredito que existe a segmentação. O SBT veiculou por algum tempo novelas mexicanas que tinham uma audiência razoável. Sempre será possível achar um segmento de mercado que queira ter contato com esse tipo de produto. As pessoas tem interesse por informação, por saber o que ocorre em outras comunidades, nas outras realidades. E que essa busca ocorre no ambiente virtual."
Maria Cristina Gobbi - "Acho que não existe falta de interesse nem do público nem das redes de comunicação nacional. O que percebe-se é a falta de conhecimento da população desse tipo de canal específico que retrata e trazem a perspectiva latino-americana. Acho que o que é mais necessário é uma nova difusão que alcance esse público."
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