quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Entrevista com Luis Frave - por Ludmylla Rocha

Luis Frave nasceu em 1949 na Argentina onde fez parte de grupo militante. Mudou-se para a França onde se tornou um dos lideres da Organização Comunista Internacional. Veio para o Brasil e tornou-se um membro do PT. É casado com a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

Em 2006, criou o blog, o "Blog do Favre"

Em conversa com o "Diferente, Pero no Mucho" ele conta mais sobre o seu blog, e o papel desse novom tipo de mídia como formador de opinião.


Como Surgiu o Blog?


Inicialmente comecei no blogspot e tinha como tìtulo "Leituras e Opiniões". Foi em 2006, se não me engano. Minha intenção era compartilhar minhas leituras, como elemento de refçexão sobre o fatos da vida política e cultural dos países com os quai estou envolvido por conta da minha tragetória de vida.
Considerava então, e considero ainda mais hoje, que muitas vezes os grandes jornais porcedem a uma hierarquização das informações, em função de critérios que distorcem a fromação de uma visão de conjunto sobre os fatos. Não que a informação não esteja presente, mas colocada de tal maneira, com determinados títulos e ilustrações, que não permite ao leitor elaborar uma opinião consistente sobre determinado assunto.

Recentemente, para dar um exemplo, uma matéria sobre a dminuição da mortalidade infantil e neonatal no Brasil, levava um título que induzia a entender exatamente o contrário. Corrigi isso no meu blog e protestei pelo fato. O ombudsman do jornal dias depois disse a mesma coisa, criticando a escolha da manchete. As vezes uma notícia da maior importância, no meu ponto de vista, fica relegada a um canto pouco remarcado. No blog essa distribuição não existe pois os posts se seguem por horário da publicação.


E a quanto tempo ele existe?


Faz dois anos e seis meses mudei para o IG, que se interessou em contar comigo no corpo de blogueiros. O blog passou a ser o "Blog do Favre" e a diagramação mudou.


Como você vê o papel do blog na formação da opinião pública?


Contrariamente a uma parte dos blogueiros que consideram que são uma rede concorrente aos grandes jornais e portais, eu vejo isso como complementário. Ao mesmo tempo se trata de uma forma de democratização da informação, permitindo uma interação com a grande imprensa. Por vezes, a existência dos blogs permite introduzir o contraditório, quando ele não aparece na mídia. Por exemplo, tive a experiência no meu blog quanto a inauguração da ponte estaiada. No dia da inauguração, a Folha fez uma grande cobertura positiva sobre a ponte, destacando seu projeto moderno e sua utilidade viária. Uma obra aplaudida pelo jornal. Mostrei que quando ela foi desenhada e licitada o jornal tinha afirmado em ediorial que ela não tinha nenhuma utilidade e era muito cara, isinuando até que poderia ter algum interesse sórdido na sua realização. O que tinha mudado entre os dois momentos? Duas coisas. A obra tinha sido iniciada por Marta e concluida por Serra e Kassab. Tinha mudado de PT para DEM-PSDB. A outra coisa que tinha mudado era o preço da obra, que foi quase o dobro. Pois bem, essa última informação estava ausente do jornal quand a obra foi inaugurada. O que era desnecessário e absurdamente caro, vitou útil sem aparentemente importar o custo. A ponte foi batizada com o nome do dono da Folha. Meu blog resgatou esses fatos com artigos e editoriais de antes e depois. Os leitores reagiram, o ombudsman cobrou explicações. Meu blog mostrou o conteúdo enviesado que tinha assumido o tratamento dado pelo jornal.


Até que ponto um blog como o do Favre transmite informação e até que ponto há opinião?


Publicar uma informação em seu blog, mesmo escrita por outra pessoa, já é formular uma opinião. Estou dizendo isto aqui, do meu ponto de vista, é importante. Por exemplo, reproduzindo os dados publicados pela imprensa sobre a politica econômica do governo e seus resultados positivos para o país, o que muita vezes é pouco relevado na grande imprensa. Eu posso não concordar com a opinião que estou reproduzindo, os artigos levam sua assinatura. Minhas opiniões estão claramente sinalizadas pela minha assinatura. Quem acompanhou meu blog não fiocu surpreso com o modo com que o Brasil saiu da crise mundial, nem ficou surpreso com os elogios da mídia mundial ao presidente Lula, nem surpreso dos indíces de popularidade do governo e nem surpreso da queda de Serra nas pesquisas de opinião e do favoritismo de Dilma. Só pra mencionar questões da atualidade política.


Quais são geralmente as fontes para os posts?


As fontes são jornais e publicações que permitem estruturar a formação de uma opinião com conteúdo. Por isso sou defensor convicto da liberdade de imprensa e particularmente da liberdade total que a imprensa "de oposição" deve sempre ter, até mais que a imprensa a favor. Não estou dizendo que só existem duas formas opostas de tratar a informação. A política não é branco e preto, e os jornais também não são. Quando critico alguma coisa ou formulo uma opinião, reproduzo integralmente a opinião contrária a que estpu criticando.

Ao mesmo tempo, meu blog dedica um espaço importante para minhas paixões, que não são só política ou economia. Todos os dias, graças ao youtube, posso compartilhar com os leitores minhas óperas e músicas favoritas, as fotografias ou pinturas que me interpelam, além de um espaço dedicado para poesia e contos.

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