terça-feira, 6 de setembro de 2011

Novo Relatório sobre as vítimas da Ditadura Pinochet

Protestos por reconhecimento das vítimas das ditaduras latino-americanas
Foi divulgado recentemente no Chile, o terceiro relatório sobre a ditadura de Augusto Pinochet. O documento publicado pela Comissão Valech mostra um aumento no número de vítimas e mortos em relação ao relatório anterior. Estima-se que há mais de 40 mil vítimas e 3.225 pessoas entre mortos e desaparecidos.

A Ditadura Pinochet durou 17 anos e foi um período muito conturbado na história do país. Financiada pelos Estados Unidos numa tentativa de mostrar que um governo ditatorial seria melhor que um governo socialista (o governo de Salvador Allende), o golpe militar foi marcado pela morte de vários artistas e da elite pensadora, além de cidadãos comuns. Iuri Cavlak, professor da Universidade Federal do Amapá, explica que sendo o Chile um país pequeno, a proporção do número de vítimas se torna absurda. “60 mil desaparecidos em um país como o nosso, de 150 milhões de habitantes na época era uma coisa. Agora em um país que tinha sei lá, 10 milhões de habitantes é uma fratura muito maior, sem falar daqueles que foram presos, perseguidos, torturados ou mortos”.

A Comissão Valech, autora do relatório, percorreu o Chile entrevistando cerca de 30 mil pessoas, mas muitas vítimas ficaram de fora por medo, por morarem afastadas ou ainda por falta de informação. Por esses motivos, o professor comenta que a Comissão deveria ser permanente: “São crimes dos anos 70. Já estamos em 2011 e ainda não se sabe quais são os danos humanos, em termos de vida, da ditadura. Então a comissão deve existir para que sejam aprofundadas essas investigações”.

Ainda segundo o professor, a indenização às vítimas é necessária apesar de que “Não há valor para uma vida humana". Para ele, outras medidas são necessárias como o reconhecimento de pessoas que sofreram indireta ou diretamente com a ditadura, e a prisão dos generais culpados e o Estado chileno tem que ser reconhecido como o autor das mortes e do terrorismo causado na época.

Em outros países da América Latina está ocorrendo um início, bem tímido, de reconhecimento dos crimes cometidos durante a ditadura. Na Argentina alguns militares que participaram ativamente do processo foram condenados. Isso pode ser considerado como uma abertura dos arquivos da ditadura até certo ponto. Segundo Iuri. “Deveria ser um ritmo maior, porque por enquanto eles estão pegando os generais mais velhinhos. É melhor que nada! Mas para as pessoas que foram injustiçadas ainda fica um gostinho de quero mais. Precisaria ir mais além: mais justiça, mais abertura e mais punição”.

Segundo ele, “O Brasil está na rabeira, na retaguarda. Estão dificultando muito o acesso aos arquivos, não estão punindo ninguém e nós não vemos movimentação dos políticos nesse sentido”. Para o professor, o Brasil não tem tanto interesse que mexam nos arquivos, porque os políticos e militares que fizeram parte do golpe estão ainda hoje no poder. Além da Argentina, nenhum país latino-americano teve alguma abertura dos seus arquivos militares.

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