O Secretário-Geral da OEA, Miguel Insulza, defendeu, nesta segunda-feira, a volta de Honduras ao organismo. De acordo com ele, o atual presidente Porfírio Lobo tem demonstrado claramente seu interesse em realizar um processo de pacificação e reconciliação internacional do país.
Foi instaurada no último dia 3 de Maio uma Comissão da Verdade que pretende investigar os crimes cometidos desde o golpe de Junho de 2009. Entre os crimes investigados estão as mortes de civis e jornalistas. A medida foi elogiada pelo governo americano."Esperamos que a comissão investigue os crimes contra os direitos humanos cometidos durante o golpe e gestão do governo de fato", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, em depoimento ao Estado Online.
"Estamos num processo de progresso, de avanço. Eu pessoalmente gostaria que isso acabasse logo, com a reincorporação de Honduras", afirma Insulza em entrevista a jornalistas de El Salvador."Honduras está suspensa e espero que possamos logo revogar essa medida."
Apesar do posicionamento do Secretário-Geral, não há unanimidade entre os componentes da OEA. Lobo, apesar de receber respaldo dos Estados Unidos e mais 50 países, ainda tem de enfrentar a oposição de regimes latinos mais esquerdistas, como os da Bolívia e Nicaraguá.
Para a Professora do Departamento de Relações Internacionais, Deisy de Freitas Lima Ventura, o Brasil é também um dos grandes opositores ao retorno de Honduras. "O Brasil pode ser identificado como líder em relação às restrições que existem à participação de Honduras." Ela entende a postura de Insulza como uma tentativa de reatar comunicações, mas afirma que a situação das negociações é complicada. "São negociações difíceis. Diversos países latino-americanos vão manter o veto que tem à participação de Honduras."
Líderes latinos, entre eles o presidente Lula, ameaçaram boicotar a reunião das Cúpulas Latina e Europeia que acontece em Madri no próximo dia 17 caso haja a participação de Porfírio Lobo. O evento retoma as negociações de um tratado de livre comércio entre União Europeia e Mercosul.
Entenda a Situação de Honduras
O país foi expulso da OEA após o golpe militar que depôs o ex-presidente Manuel Zelaya, em Julho de 2008. Zelaya pretendia criar uma Assembleia constituinte onde seria votada a possibilidade de sua reeleição. De acordo com a constituição do país, o presidente não pode governar por dois mandatos. A política esquerdista e o alinhamento a governos latinos, por parte do então presidente, causaram mal estar entre a elite hondurenha e o governo norte-americano.
O ex-governante teve sua residência invadida por militares na madrugada de 28 de Julho, foi colocado dentro de um avião e enviado à Costa Rica. Sendo então, substituido por Roberto Micheletti.
É sob a tensão do fechamento de duas emissoras e o decretamento e posterior revogação de estado de sítio que é eleito Porfírio Lobo para presidente, em 21 de dezembro, atráves de voto popular.
O novo governo, no entanto, não é reconhecido pela maioria dos países latinos que exigem novas eleições.
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