MST organiza passeata na Bahia pela reforma agrária no Brasil
As manifestações seguem até o final do mês e tem como objetivo pressionar os governantes para que atendam as necessidades da luta por terras. Entre as exigências estão a compra de tratores, a reestruturação de assentamentos, o envio de créditos de cultivo e a própria aceleração do processo de Reforma Agrária.
Invasões a propriedades privadas e órgão públicos sempre foram mal vistas pelos meios de comunicação e pelo governo. Em seu blog na revista Veja, o Jornalista Reinaldo Azevedo classificou-as como "Crime Anunciado".
A pré-candidata à presidência pelo PV, Marina Silva, em depoimento ao Estado de São Paulo considera legitima a luta pela terra, mas defende que os manifestantes devem respeitar o Estado de Direito. Em resposta o movimento publicou em seu site trechos de um acordo firmado pelo Supremo Tribunal Federal no ano de 1997 em que é assegurado o direito à manifestação.
"No caso da Reforma Agrária brasileira, é sabido que o Estado está sempre aquém da necessidade social. O processo de pressão se coloca como fundamental para se fazer avançar. Ele é o último momento de um movimento maior", afirma o professor adjunto da Universidade Federal de Uberlândia e ex-assentado, Sérgio Gonçalvez. O Professor possui extensa pesquisa sobre a questão e viveu em uma área de ocupação que se tornou assentamento em 2008. "A ocupação do órgão público se dá quando nenhuma outra forma de negociação é atendida, portanto é valida sim e deve ser feita". "Pressionar o estado é sempre uma estratégia muito forte no sentido de colocar em cheque: qual é a política que a gente tem? E também no sentido de pautar isso na campanha política, porque, querendo ou não, o assunto vai ter de entrar no debate".
O professor da Universidade Federal do Sergipe, Eraldo da Silva Ramos Filho que faz parte do núcleo de estudos de pesquisas e projetos da reforma agrária afirma que "O Conjunto de elementos indicam uma elevada desigualdade social, o que provoca na sociedade um conjunto de organizações da sociedade, dos trabalhadores em busca de alterar essa lógica desigual, a qual nossa sociedade está submetida há séculos. Nesse movimento que é preciso compreender a existência do movimento dos trabalhadores sem terra e a importância da organização dos trabalhadores do campo para impulsionar processos na sociedade brasileira que possibilite alterar essa lógica desigual."
O MST é o maior movimento pela Reforma Agrária no Brasil. Num periodo de duas décadas e meia conseguiu se colocar como principal articulador entre os trabalhadores sem-terra e o Estado e construir uma grande repercussão política na sociedade.
Histórico do Abril Vermelho
A data remete ao Massacre do Eldorado dos Carajás que culminou na morte de 22 agricultores sem terra no estado do Pará em 17 de Abril de 1996. Os agricultores participam de manifestavam bloqueando uma estrada quando foram violentamente reprimidos por forças policiais. Além dos mortos, a policia deixou ainda 69 mutilados e algumas centenas de feridos.
Hoje, 13 anos depois, apenas dois dos 144 incriminados foram condenados, mas aguardam pela avaliação do recurso da sentença em liberdade. Em 2002 dia 17 de Abril foi instituido como o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária. A partir dessa data iniciam-se os movimentos ao longo de todo território nacional e que seguem até o final do mês.
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