No domingo (5), a capital Porto Princípe foi marcada por manifestações, em consequência do anúncio parcial dos votos computados na eleição do final de novembro. Os manifestantes protestavam contra a atuação do governo e possíveis fraudes no processo eleitoral. Convocados por candidatos da oposição, os protestos seguiram para o Palácio Presidencial derrubando a barreira criada pela polícia local e causando tumulto. Os gritos e cartazes pediam a saída do atual presidente René Préval do poder, além da retirada das tropas das Nações Unidas.
Outros protestos incluiram barricadas de pneus e queima de carros, além do incêndio a sede do partido governista Inité. Em alguns bairros da capital, era possível ouvir tiros sendo disparados para conter os manifestantes.
Para observadores políticos externos existem sinais de fraude no processo eleitoral. Entretanto, tanto a OEA (Organização dos Estados Americanos) e a Caricom (grupo que integra ilhas da região do Caribe) consideram o processo eleitoral válido - "apesar das sérias irregularidades" - e estão ajudando no processo de contagem dos votos.
Os candidatos que passaram para o segundo turno, que será realizado no dia 16 de janeiro, foram o candidato governista - apoiado por René Préval - Jude Celestin, e a ex-primeira dama, Mirlande Manigat. Os demais candidatos alcançaram percentuais menores do que um por cento e acusam abertamente o governo de fraude eleitoral. Entretanto, rejeitam a possibilidade de recontagem de votos já que o processo demoraria demasiadamente, sem data prévia para ser divulgado. Segundo um dos candidatos, Michel Martelly, o atual governo teria implantado cédulas de voto em diversas urnas, buscando eleger seu próprio candidato.
Na terça-feira (7), o ministério da Saúde do Haiti atualizou o número de mortes causadas pela cólera. O número estimado é de 2.200, entretanto, a ONU acredita que o número de fatalidades possa ser maior. O departamento mais afetado foi o de Artibonite, onde a doença teria afetado sua vítima zero. No mesmo dia, a República Dominicana confirmou mais casos no país, totalizando um número de 20 casos, sem fatalidades.
Um relatório divulgado no começo da semana por especialistas franceses vem causando polêmica. O relatório aponta que a cólera teria surgido no acampamento das tropas nepalenses da ONU, localizado no centro do país. A propagação teria ocorrido com a drenagem de dejetos do acampamento para o rio Artibonite. A cepa encontrada é característica da região do sul da Ásia.
Fidel Castro, ex-ditador cubano, também confirmou o dado, apresentando um relatório de médicos cubanos que coletaram dados dos primeiros doentes, identificando a cepa sul-asiática e a classificando como o mais severo tipo de cólera.
Uma cópia dos relatório foi enviado a ONU que negou e pediu provas mais concretas sobre a origem da doença.
No mês passado, manifestantes haitianos foram as ruas acusando as tropas da MINUSTAH de trazerem a cólera ao país.